Joaquim Soares – O Mestre da Cortiça e das Memórias
Joaquim Soares – O Mestre da Cortiça e das Memórias
Joaquim Soares, aos seus 76 anos, continua a ser uma figura inesquecível em Mértola, Portugal. Corticeiro de profissão, marido dedicado à Maria Antónia e pai orgulhoso de um filho emigrado na Alemanha, ele é um verdadeiro tesouro de histórias e vivências que nos inspiram e fazem sorrir. Vamos conhecer mais sobre ele?
A profissão de corticeiro foi para Joaquim mais do que um meio de subsistência – foi uma arte. Ele aprendeu desde cedo a respeitar o sobreiro, a árvore nacional, que só pode ser trabalhada a cada nove anos. “A paciência é a mãe de todas as virtudes,” dizia ele com humor, enquanto retirava a cortiça com habilidade e precisão. Joaquim se orgulha de ter contribuído para transformar a cortiça portuguesa em produtos como rolhas, artesanato e até mesmo moda.
Claro, nem tudo era sério nos campos de cortiça. Joaquim recorda, rindo, da vez em que um aprendiz confundiu um sobreiro já extraído com outro que precisava ser trabalhado. “O rapaz deu uma ‘colheita’ imaginária que arrancou gargalhadas dos mais experientes,” conta, com olhos brilhando. Também não faltaram momentos em que ele, distraído, tropeçou numa raiz e acabou sentado – quase como se o sobreiro estivesse a zombar dele. Essas histórias fazem parte do charme único da vida de corticeiro.
Com o passar dos anos, Joaquim descobre outros encantos. Viajar para a Alemanha, de vez em quando, para visitar o filho, foi uma experiência enriquecedora. Ele adorava admirar os campos verdes e as vilas pitorescas pelo caminho. “A terra lá é diferente, mas o coração bate igual,” dizia, emocionado, ao contar os almoços em família e o tempo dedicado aos netos.
Hoje, Joaquim sente saudades do trabalho nos campos, do cheiro da terra e da energia vibrante da caça – que foi sua paixão por muitos anos. Embora já não pratique, ele não perde uma oportunidade de discutir futebol e caça com os amigos no café local. É um espaço onde Joaquim brilha, contando histórias e arrancando risos enquanto saboreia um bom café.
Para Joaquim, a vida é feita de momentos simples, mas inesquecíveis. Ele nos ensina que, mesmo quando deixamos de trabalhar ou de caçar, a convivência e as memórias mantêm nossa alma ativa e nosso coração cheio.
Recolha e adaptação: Albino Monteiro