Célia Pereira: A contadora de lendas
Célia Pereira: A contadora de lendas
Célia Pereira, uma simpática senhora de 72 anos, é um verdadeiro tesouro de histórias e tradição no Algarve. Viúva há alguns anos, ela mora com a filha Joana em Albufeira, enquanto a outra filha, Maria, vive na França. Apesar das saudades, Célia encontrou uma maneira única de viver seus dias com alegria, rodeada por crianças, lendas e trabalhos manuais.
Na localidade onde mora, todos a conhecem como "a professora das lendas". Natural de Silves, Célia sempre adorou a riqueza das histórias algarvias, e uma de suas preferidas é a Lenda das Amendoeiras em Flor. Com olhos brilhantes e um sorriso acolhedor, ela começa a narrar para as crianças na praça:
"Há muitos anos, no reino do Algarve, um rei chamado Ibn-Almundim se apaixonou por Gilda, uma bela princesa do Norte da Europa. Só que Gilda sentia saudades de sua terra coberta de neve. E sabem o que o rei fez? Ele plantou amendoeiras por todo o seu reino! Quando chegou a primavera, as flores brancas das árvores pareciam neve, e Gilda voltou a sorrir. Por isso, até hoje, fevereiro é mágico por aqui, com as amendoeiras em flor. Já marcaram na agenda o festival de fevereiro? Eu não perco por nada!"
As crianças aplaudem e as mães sorriem, encantadas com a capacidade de Célia em transformar uma lenda numa experiência viva. Mas ela não para por aí! Célia tem o espírito de educadora que nunca a abandona. Além das histórias, compartilha conselhos com as jovens mães e até ensina as crianças a fazerem pulseiras de crochê durante suas pausas na praça.
Nas horas tranquilas em casa, ela dedica-se às suas artes manuais. Crochê, bordados, pintura… seus trabalhos são cheios de cores e significados. Joana, sua filha, brinca que a sala virou uma "mini galeria de arte". Já a filha Maria, lá na França, sempre se emociona quando recebe pelos correios um cachecol feito pela mãe. É o jeito especial de Célia mostrar que o amor transcende fronteiras.
Apesar da saudade de Maria e da rotina simples, Célia diz que seu segredo é cultivar memórias e criar novas histórias todos os dias. "A vida é como as amendoeiras," diz ela, "floresce de formas inesperadas, trazendo sempre beleza, mesmo nas saudades."
E assim, entre lendas, risadas na praça e suas artes, Célia continua a ser uma inspiração para todos ao seu redor. Que mais pessoas possam aprender com sua leveza e alegria de viver!
Recolha e adaptação: Albino Monteiro