Rui Almeida: O senhor dos números e das histórias
Rui Almeida: O senhor dos números e das histórias
Rui Almeida, um simpático senhor de 78 anos, vive com sua esposa Manuela dos Anjos em Leiria, numa vida tranquila cheia de momentos de reflexão e bom humor. Apesar disso, a sua jornada foi repleta de trabalho, aprendizados e, claro, algumas boas lições que só o tempo e a experiência podem ensinar.
A Vida no Banco e o Controle das Finanças
Rui passou a maior parte da sua vida profissional como bancário, uma função que exigia organização impecável e atenção aos detalhes. Talvez por isso, ele adquiriu um “tique” inusitado: o controle excessivo das finanças. "Cada cêntimo precisava estar justificado," brinca Manuela, rindo. "Mas a vida, meu caro Rui, não é um saldo bancário, não se leva nada para o céu!"
Hoje, Rui concorda plenamente com a esposa. Ele admite que foi rigoroso demais com o dinheiro e que deveria ter aproveitado mais a vida. "Sonhei tanto em visitar as serras de Portugal, passear pelas aldeias históricas e provar as comidas tradicionais em cada canto… mas fui adiando," confessa ele. Agora, reformado, Rui aproveita pequenas viagens com Manuela para compensar o tempo perdido, ainda que de forma mais simples e com muitas gargalhadas pelo caminho.
Recentemente, o casal visitou algumas localidades que ficaram marcadas na memória. Um dos destinos foi Óbidos, conhecida como a vila das muralhas. Rui e Manuela passearam pelas ruas estreitas cheias de casas brancas adornadas com flores e provaram a famosa ginjinha servida em copos de chocolate. "A sensação era de estar dentro de um conto de fadas," comentou Rui, encantado com o ambiente histórico e acolhedor.
Outro lugar especial foi a Serra da Estrela, onde ambos puderam experimentar o queijo da região e apreciar a paisagem imponente cheia de penhascos e trilhos naturais. "Parecia que estávamos tocando as nuvens," relembra Manuela, enquanto Rui confessava que não conseguia parar de tirar fotos para registrar cada detalhe da viagem.
Por fim, visitaram a Aldeia Histórica de Sortelha, uma verdadeira joia medieval. Caminharam pelas ruas de pedra entre casas rústicas que pareciam sair de outra era, enquanto Rui descobria histórias fascinantes sobre o passado da aldeia contadas pelos moradores locais. "Foi como viajar no tempo," ele disse, maravilhado com a tranquilidade e autenticidade do lugar.
Essas aventuras mostraram a Rui que, mesmo aos 78 anos, nunca é tarde para explorar novos horizontes. Ele agora vive com o lema: "O saldo da vida não está no banco, está nas memórias que criamos!"
O Café e as Conversas: Ontem e Hoje
Na juventude, uma das maiores alegrias de Rui era visitar o café local em Luz de Tavira, um espaço vibrante onde os moradores se reuniam para trocar ideias e refletir sobre os acontecimentos do dia. Ele adorava ler os jornais disponíveis nas mesas de madeira polida, enquanto ouvia as conversas animadas que preenchiam o ambiente com vida. "Era lá que o mundo parecia pequeno e acessível," relembra ele com saudade.
As conversas eram calorosas e o ritmo da informação, mais lento. As pessoas discutiam desde as notícias políticas até as histórias de um vizinho, mas havia tempo para absorver e refletir sobre o que ouviam. Rui compara isso com os dias atuais, em que a internet inundou o dia a dia com um fluxo constante de informações que se atropelam umas às outras, sem oferecer espaço para pausas ou debates tranquilos. "Hoje, parece que tudo se perde no meio da correria," lamenta ele.
Mas Rui também reconhece as mudanças positivas nos cafés contemporâneos. "Naquele tempo, o ar estava sempre cheio de fumaça de cigarro. Quem não fumava, saía com cheiro de tabaco mesmo assim," ele comenta, balançando a cabeça com um sorriso. "Hoje, com a proibição de fumar em ambientes fechados, as visitas ao café são muito mais saudáveis. É bom respirar um ambiente limpo e poder sentir o aroma do café fresco de verdade."
Agora, Rui e Manuela cultivam o hábito de tomar um café a meio da tarde em Leiria, transformando esse momento num pequeno ritual que eles consideram sagrado. Escolhem um canto aconchegante, aproveitam para saborear um pastel de nata e, às vezes, ainda levam consigo um sudoku para resolver juntos. “Pode não ter mais o jornal na mesa, mas temos as nossas conversas e risadas, e isso vale muito mais,” diz Manuela, enquanto Rui confirma com um sorriso tranquilo.
Os cafés, sejam os de ontem ou os de hoje, continuam a ser uma parte especial da vida de Rui, adaptando-se às mudanças enquanto mantêm o espírito de união e reflexão. É lá que ele encontra a simplicidade de conectar-se com os outros e com o mundo ao redor, ainda que de formas diferentes.
O Amor Pelos Números e os Sudokus
A paixão pelos números é algo que acompanhou Rui desde a infância. Ele lembra, com gratidão, da professora que o inspirou a explorar o universo matemático. "Ela dizia que os números eram como um quebra-cabeças que só precisava da mente certa para se resolver," relembra com um brilho nos olhos.
Hoje em dia, o passatempo preferido de Rui é o Sudoku, um jogo que ele considera quase uma obsessão. "Os números me mantém focado, mas também me relaxam. É engraçado como eles fazem parte de mim há tanto tempo," diz ele. Manuela gosta de brincar: "Enquanto ele resolve Sudokus, eu vou às compras. É a paz perfeita!"
Celebrando a Vida e as Pequenas Alegrias
Com o tempo, Rui aprendeu a relaxar e a valorizar os pequenos prazeres da vida. "Manuela estava certa. Não levamos nada para o céu, mas podemos viver bem aqui na terra," afirma ele com um sorriso.
Hoje, Rui e Manuela aproveitam a companhia um do outro, os passeios tranquilos por Leiria e os momentos simples que fazem a vida valer a pena. "A vida é um Sudoku," ele brinca. "Às vezes, parece complicado, mas sempre há uma solução se olharmos com calma."
Recolha e adaptação: Albino Monteiro