Maria Celeste e o Segredo da Rã Sábia
Maria Celeste e o Segredo da Rã Sábia
Maria Celeste, uma senhora de 72 anos, é o tipo de pessoa que transforma um dia comum numa verdadeira aula de vida. Conhecida no bairro por ser uma contadora de histórias nata, ela decidiu partilhar a moral de mais uma das suas fábulas favoritas, “O Touro e as Rãs”, para iluminar uma manhã de domingo.
Enquanto servia chá de camomila para os seus netos e alguns amigos curiosos, Celeste puxou da memória a tal fábula de Monteiro Lobato. Antes de começar, deu uma piscadela travessa: “Sabem, esta história é mais profunda do que parece... e também sobre viver a vida sem pisar nos outros!”
Ela contou o enredo com entusiasmo, os gestos e expressões tão cativantes que até quem já conhecia a história voltou a rir das rãs desprevenidas. Quando chegou ao desfecho, onde o touro mais fraco invadia o brejo, as rãs levavam a pior. Maria Celeste suspirou dramaticamente para manter o suspense, antes de dar sua interpretação:
"Os grandes brigam lá em cima, mas quem sente é quem está cá em baixo. Moral? Escutem os mais velhos, porque têm os calos nos pés das ‘marradas’ da vida!"
Depois, encolheu os ombros e gargalhou. “Embora, nem sempre os mais velhos estejam certos. Olhem só para mim, uma vez briguei com um banco por não aceitar moedas, e era EU que estava errada!”
No fim, ela adicionou um toque pessoal: “Viver é aprender com todos: touros, rãs ou a fila no mercado. Enquanto a gente rir um bocadinho e tomar chá, está tudo bem!”
Inspirados e com as lições frescas na mente, os ouvintes saíram da pequena sala com sorrisos e calor no coração. E Maria Celeste? Foi para a cozinha assar um bolo, com sua típica energia vibrante. Afinal, aos sábados, a sua casa transformava-se numa confeitaria (amadora!) para quem quisesse ouvir uma história ou apenas partilhar momentos simples.
Moral do post? Ouça mais, sorria sempre. E nunca subestime o poder de uma boa fábula... e de uma fatia de bolo quentinho.
Recolha e Adaptação: Albino Monteiro
Para contextualizar a história enunciada, deixamos a fábula original
“O touro e as rãs
Enquanto dois touros furiosamente lutavam pela posse exclusiva de certa campina, as rãs novas, à beira do brejo, divertiram-se com a cena.
Um rã velha, porém, suspirou.
- Não se riam, que o fim da disputa vai ser doloroso para nós.
- Que tolice! - exclamaram as rãzinhas. - Você está caducando, rã velha!
A rã velha explicou-se:
- Brigam os touros. Um deles há de vencer e expulsar da pastagem o vencido. Que acontece? O animalão surrado vem meter-se aqui em nosso brejo e ai de nós!...
Assim foi. O touro mais forte, à força de marradas, encurralou no brejo o mais fraco, e as rãzinhas tiveram de dizer adeus ao sossego. Inquietas sempre, sempre atropeladas, raro era o dia em que não morria sob os pés do bicharoco.
Monteiro Lobato”