Sérgio Medeiros: O Taxista das Histórias e das Conversas de Jardim

 

Sérgio Medeiros: O Taxista das Histórias e das Conversas de Jardim

Aos 76 anos, Sérgio Medeiros é um verdadeiro contador de histórias, um daqueles senhores que fazem qualquer conversa valer a pena. Divorciado, com um filho e uma filha, mora no Porto com Cristina, que insiste que ele reduza as suas voltas pela cidade, mas sem sucesso. Sérgio diz que, enquanto tiver pernas e um bom casaco para os dias de vento, o Porto continuará a ser seu terreno de exploração.

As Memórias do Taxista Se há coisa que Sérgio Medeiros sabe, é que ser taxista no Porto não é apenas levar pessoas de um lado para o outro – é conhecer vidas, ouvir histórias e, vez por outra, ser psicólogo gratuito. "Se aquele banco do táxi falasse, escrevia um livro!", brinca ele.

Houve tempos em que levava turistas, apaixonados e até clientes que pareciam saídos de um filme de ação. Uma vez, por exemplo, levou um senhor tão apressado que, ao sair do carro, esqueceu-se da mala com uma garrafa de vinho que queria oferecer ao sogro. "Dizem que dar vinho ao sogro ajuda... mas deixar no táxi ajuda muito menos!", brinca Sérgio.

Mas os momentos mais marcantes eram sempre aqueles em que podia mostrar o Porto aos visitantes. As curvas da Ribeira, a imponência da Ponte Luís I, o aroma dos pastéis de nata misturado com o cheiro do rio. "O Porto não é só uma cidade, é um abraço apertado que nunca esquecemos", costuma dizer.

Domingos de Tranquilidade e Conversa Boa Hoje, Sérgio já não dirige um táxi, mas continua a percorrer a cidade como um explorador veterano. Aos domingos, quando há menos trânsito e menos gente apressada, ele faz questão de dar uma volta pelos jardins da cidade, onde sempre encontra alguém disposto a trocar dois dedos de conversa.

"Há quem vá aos cafés pelo cheiro do café, eu vou pelos bons diálogos", diz ele, enquanto se senta num banco do Jardim do Palácio de Cristal. Para Sérgio, um bom dia é aquele em que alguém lhe pergunta 'Então, senhor Sérgio, como vai a vida?' – e ele tem meia hora para responder.

O Porto, Uma Cidade Cheia de Alma Para Sérgio, o Porto tem algo que nenhuma outra cidade pode copiar: a autenticidade do seu povo. "O portuense é direto, sincero e, se for preciso, troca o almoço por um bom bate-papo!", brinca. Ele ama as tradições, desde o São João, onde já levou marteladas mais do que suficientes, até os dias chuvosos, em que as ruas ficam ainda mais nostálgicas.

O Porto é especial porque não precisa de esforço para encantar – basta caminhar por ele e deixar-se envolver. E Sérgio, com seu olhar experiente e suas histórias carregadas de humor, é prova viva de que esta cidade tem alma.

"Enquanto eu puder andar, o Porto continuará a ser meu táxi. Só que agora, sem taxímetro!", ri ele.

Recolha e adaptação: Albino Monteiro


Comentários