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A mostrar mensagens de maio, 2025

Biografia: Adelaide Rosa Pereira

  Adelaide Rosa Pereira — Uma Vida de Memórias, Flores e Sabedoria “Fui, sou feliz. Obrigada por fazerem parte desta biografia.” Nascida em 10 de março de 1948, na encantadora cidade de Portimão , na região do Algarve, no sul de Portugal, Adelaide Rosa Pereira — carinhosamente conhecida como Senhora Adelaide — é um verdadeiro testemunho de uma vida guiada pela dedicação, pelo amor à família e por uma profunda reverência às histórias, às flores e à cultura do seu povo. Raízes em Flor: A Infância em Portimão A infância de Senhora Adelaide foi vivida numa casa grande e branca, com batentes azuis e um jardim exuberante repleto de flores. Era neste jardim que se destacava um balanço, ponto de alegria partilhada entre ela e os seus dois irmãos mais velhos. Cresceu rodeada pelo carinho dos pais e dos avós, especialmente da avó Maria, que criava bonecas com as próprias mãos — objetos que ganhavam vida nas brincadeiras da menina sonhadora. As suas primeiras memórias são carregadas de aleg...

Maria Natália – Educadora de Memórias e Silêncios

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  Maria Natália – Educadora de Memórias e Silêncios Maria Natália tem hoje 75 anos e caminha devagar pelos corredores do lar onde vive, como quem percorre um livro já lido muitas vezes — cada passo, uma página relida com ternura e cuidado. Os olhos, serenos e vivos, guardam décadas de histórias e afetos, como quem sabe que o tempo não apaga o essencial. Natural de Conceição de Tavira, cresceu entre laranjeiras, caminhos de terra batida e o som distante das cigarras no verão. Viveu ali os primeiros vinte anos da sua vida, onde aprendeu os nomes das flores com a mãe e a paciência dos silêncios com o pai, homem de poucas palavras e profunda sabedoria. “Fui sempre menina de livros”, recorda com um sorriso discreto. Aos 20 anos, partiu para Lisboa com uma mala modesta e o coração cheio de sonhos. Foi lá, entre livros de pedagogia e cadernos de apontamentos, que conheceu Rodrigo — estudante de História, de ideias grandes e olhar apaixonado. Casaram-se pouco depois e juntos criaram três f...

Bem Vindo ...

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  O que é o “Chá com Memórias”? “Chá com Memórias” é um espaço afetivo e intergeracional dedicado à recolha, preservação e partilha de histórias de vida de pessoas seniores. Nascido da vontade de valorizar a sabedoria dos mais velhos, o projeto promove a partilha de memórias. Em cada sessão, os participantes são convidados a reviver momentos marcantes das suas vidas — da infância ao presente — e a narrá-los num ambiente seguro, respeitoso e caloroso. Estas memórias são registadas, quando consentido, e transformadas em arquivos vivos, através de texto, áudio ou vídeo, preservando assim fragmentos únicos da história pessoal e coletiva. Mais do que contar histórias, o “Chá com Memórias” acredita no poder terapêutico da escuta e na dignidade que se restitui a quem tem algo a dizer. Este projeto pretende combater o isolamento social, reforçar o sentimento de pertença e aproximar gerações, criando pontes entre o passado e o presente. “ As memórias não morrem quando são contadas. ” Esta...

O Riso Inconfundível de Francisco Menezes

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  O Riso Inconfundível de Francisco Menezes Aos 61 anos, Francisco Menezes continua a fazer o que sempre fez melhor: provocar gargalhadas. Natural de Vila Nova de Gaia, este artista multifacetado passou pelas mais diversas artes – da música à rádio, do teatro ao cinema – mas foi no humor ao vivo que encontrou o seu verdadeiro altar. “Sou viciado em palco”, diz, com aquele brilho no olhar de quem ainda sente frio na barriga antes de entrar. Francisco não se contenta com o conforto dos papéis fixos. Reinventa-se a cada espetáculo, testa limites, pisa no risco e ri do tropeço. Nunca foi humorista de palco engomado. Prefere o improviso, a conversa direta com o público, a surpresa do momento. A sua comédia tem sotaque, ritmo e um português afiado que dança entre o absurdo e a crítica social. “O limite é só um: o humor”, costuma dizer. E para quem não fala português, há sempre uma solução — desde que alguém avise. Nos bastidores, Menezes é um homem calmo, quase introspectivo. Organiza os...

A Vida Inspiradora de Cristina Costa

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  A Vida Inspiradora de Cristina Costa Aos 78 anos, Cristina Costa é um verdadeiro exemplo de resiliência e paixão pela vida. Natural de Sintra, onde as montanhas tocam o céu e os jardins se confundem com poesia, Cristina cresceu entre os campos de cultivo e os livros herdados da mãe — uma mulher doce e sonhadora, que ensinava aos filhos que, através da leitura, era possível viajar pelo mundo sem sair do lugar. Ainda jovem, Cristina dividia os dias entre a escola e a agricultura, ajudando o pai, Zeca, e os irmãos mais velhos, Lúcia e Pedro, na lida da terra. Era uma vida simples, mas cheia de dignidade. Aos 18 anos, a perda da mãe abalou a família profundamente, mas foi também o ponto de viragem que despertou em Cristina um desejo ainda maior de conhecer, aprender e seguir adiante. Com 22 anos, mudou-se para Guimarães para viver com a tia Selma. Ali, numa cidade onde cada pedra tem história, encontrou a sua verdadeira vocação: o turismo cultural. Decidiu estudar, e não foi fácil. E...

Suzana Martins – Guardiã das Vinhas e das Estações

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Suzana Martins – Guardiã das Vinhas e das Estações Suzana Martins, hoje com 72 anos, é uma presença serena mas imponente na paisagem de Alijó, no coração do Douro vinhateiro. Vive com António, seu companheiro de uma vida, numa casa de pedra rodeada por socalcos que respiram história e uvas maduras. A vinha, para Suzana, não foi apenas trabalho: foi legado, foi raiz, foi vida partilhada ao sol e à intempérie. Desde menina que conhece os ritmos da terra. “A vinha não espera por ninguém”, costuma dizer, com um sorriso firme e mãos marcadas pelo tempo. Aprendeu com os pais a arte da poda, a precisão do enxerto e a dureza das vindimas – esse tempo mágico e cruel em que a natureza revela o que guardou durante o ano inteiro. “Havia anos de fartura e outros de pura desilusão”, conta, olhando o horizonte como quem revive cada estação. Com António, partilhou décadas de trabalho na quinta, hoje entregue hoje, aos cuidados da filha Mariana. Mas engane-se quem pensa que Suzana está aposentada do ca...

Dona Inês – A Rainha da Cozinha

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  Dona Inês – A Rainha da Cozinha Aos 84 anos, Dona Inês é uma verdadeira celebridade em Vila Real. Conhecida como “Dona Inês das Filhós”, ela, no entanto, prefere um título mais criativo: A Rainha da Cozinha . E quem a conhece não ousa discordar. Basta entrar na sua casa para perceber que ali vive uma mulher especial — entre plantas bem cuidadas, panos coloridos pendurados com charme e gargalhadas que parecem ecoar nas paredes. Inês foi mãe cedo, de um único filho, António, que, segundo ela, “nasceu já a correr e só parou para comer”. Criá-lo sozinha foi um desafio, mas também um espetáculo de humor e imaginação. Quando o rapaz fazia travessuras — o que era frequente — não havia gritos nem castigos severos. Havia sopa quente. “Estás de castigo… mas só depois da sopa!” dizia ela, de avental posto e colher de pau em punho, como se estivesse a liderar um exército saboroso. A cozinha sempre foi o seu trono. Ali, Dona Inês criou um universo só dela, onde cada prato vinha acompanhado de...

Maria do Carmo – As Mãos que Tecem Memórias

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  Maria do Carmo – As Mãos que Tecem Memórias Maria do Carmo tem 73 anos e é daquelas figuras que todos na aldeia reconhecem com um sorriso. Vive numa pequena casa de pedra no interior de Portugal, cercada por oliveiras e silêncios que ela preenche com histórias e chá de lúcia-lima. A sua presença é serena, mas as suas mãos – ah, as suas mãos – contam uma vida inteira de trabalho, cuidado e amor. Mãe aos 20 anos, Maria do Carmo viu-se a cuidar sozinha de três filhos: Clara, Miguel e João. O marido, Manuel, era carpinteiro e passava mais tempo nas aldeias vizinhas do que em casa. Ela não se queixava. Criava os filhos, amassava o pão, colhia as couves da horta, vendia ovos na feira e ainda encontrava tempo para coser roupas ao serão. “Dormia pouco, mas sonhava muito,” diz, com um sorriso de quem sabe o valor da entrega. Recorda com emoção as noites frias em que, à luz da candeia, contava histórias aos filhos enquanto lhes cosia as roupas. Era ali que ensinava os valores da vida: a ve...

Biografias: Diamantino Monteiro

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  Diamantino Monteiro Um Homem Forjado pelo Trabalho, Pela Terra e Pelas Raízes Capítulo I – Origens e Infância No coração da Beira Alta, entre colinas suaves, vinhedos antigos e olivais centenários, ergue-se a pequena aldeia de Cubos, no concelho de Mangualde. Em abril de 1927, nascia ali Diamantino Monteiro — ou, como prefere ser chamado, simplesmente Monteiro. A aldeia, com suas casas de granito, muros cobertos de musgo e caminhos de terra batida, era um mundo à parte, moldado pelo ritmo das estações, pelo soar dos sinos e pelas mãos calejadas de quem ali vivia da terra. Monteiro cresceu num lar de agricultores, de origens humildes mas dignas, onde não havia luxo, mas reinavam a solidariedade, o trabalho e a partilha. A casa, feita de pedra, tinha o chão frio no inverno e guardava nas paredes o calor das brasas e das vozes familiares. A mesa era farta do que a terra oferecia: pão amassado com esforço e cozido em forno a lenha, o cheiro forte do fumeiro pendurado nas traves e a b...